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Semana da Felicidade. Felicidade existe?

Autor: Julio Sampaio

    O Dia Internacional da Felicidade é comemorado em 20 de março e, durante toda a semana, há vários eventos em que o tema está sendo tratado. A felicidade é algo subjetivo e de difícil definição. Aristóteles já dizia que, por detrás de todo o esforço humano, existe o objetivo final da felicidade. Sim, mas o que é felicidade para uns não é o mesmo para outros. No livro a História da Felicidade, Peter Stearns mostra como esta percepção muda de acordo com a época e com o local. Houve tempos em que a elite valorizava a melancolia e para um escritor, por exemplo, ter uma tuberculose e estar isolado em um sanatório, era chique e dava um certo status. Nos tempos atuais, a publicidade tenta nos vender a ideia de que a felicidade estará naquele carro, na marca de uma roupa, ou melhor ainda, em um cartão de crédito, que oferece todas as possibilidades.

    Um ditado russo diz que “se você sorri muito, ou você é tolo, ou é americano”, o que mostra bem a diferença entre estas duas culturas. Ser feliz no Japão ou em qualquer país oriental não é a mesma coisa que ser feliz na terra do carnaval. Religiões ensinaram que a felicidade estava no reino dos céus, a ser alcançada após a morte. Redes sociais nos mostram pessoas que estão sempre felizes, sorrindo, visitando lugares maravilhosos, em paz com todos e com a vida. Quem olha não se sente mais feliz com isso, se questionando sobre o que está errado com a sua própria vida, que não tem tanto glamour. Mas esta pessoa também fará a sua postagem de felicidade.

    Com tantas variáveis e rótulos, não é de se estranhar que a felicidade seja tão pouco compreendida. De cara, é preciso alinhar o vocabulário. O que significa felicidade? A psicologia vem tentando propor conceitos e definições, diferenciando o que é uma coisa e o que é outra. Neste processo, há idas e vindas, progressos e retrocessos, dentro do próprio meio científico.

    Felicidade não é apenas prazer e alegria, parece ser um consenso. Outras dimensões importantes podem ser incluídas como o Propósito, o Engajamento, Relações Saudáveis e Conquistas Pessoais. É Martim Seligman, um dos pais da psicologia positiva, que as apresenta em sua teoria do Bem-Estar. Este termo também é controverso, sendo para alguns pesquisadores sinônimo de felicidade e para outros, coisas diferentes.

    A neurociência também é invocada e, a partir dela, podemos saber onde são criadas, no nosso cérebro, emoções que disparam o medo, a fuga ou o ataque, que vem lá de longe, quando tínhamos que lidar com dinossauros e outros animais pré-históricos. Também nos ensina que somos comandados por hábitos que nos fazem agir antes mesmo que tenhamos consciência, economizando energia que seria consumida pelo cérebro. Por fim, que cada um de nós possui o que podemos chamar de padrões mentais, conexões neurais fortes, que nos aproximam ou nos distanciam da felicidade.

    A boa notícia é que, diferente dos acontecimentos externos, em que temos pouca ou nenhuma gestão (gostaria de ter o poder de mudar muita coisa no mundo), podemos desenvolver padrões mentais positivos que nos permitem lidar com as coisas consideradas boas ou ruins, de uma melhor maneira, seja para desfrutar, abrir alternativas, modificar, ou nem uma coisa nem outra.

    Independentemente de como definimos felicidade, podemos nós mesmos, conscientemente, construir felicidade, o que inclui plantar felicidade para as pessoas ao nosso redor. Somente elas poderão construir a sua própria felicidade, mas podemos facilitar o seu trabalho.

    Ter esta consciência nos cria responsabilidade e traz sentido ao Dia ou à Semana da Felicidade. Sim, existe a felicidade e ela pode ser construída conscientemente por cada um. E você, caro leitor, como está construindo a sua felicidade?

 

Julio Cesar Sampaio (PCC, ICF)

Mentor do MCI – Mentoring Coaching Institute

Diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching