No último artigo, conversamos sobre tipos de inteligência, desde a inteligência intelectual (QI), inteligência emocional (QE), inteligência espiritual (QS) até a inteligência positiva (QP), nesta última, me detendo um pouco mais. Propositalmente, não mencionei os nove tipos de inteligências apontadas por Howard Gardner. Seriam elas: inteligência lógico-matemática, linguística, interpessoal, intrapessoal, corporal, espacial, musical, existencial e naturalista. Sinceramente, me basta pensar nas quatro primeiras que, no meu entender, abrangeriam as outras. Feito este registro, gostaria de retornar a duas questões que levantei no artigo anterior: a relação entre inteligência e felicidade e qual delas representa a evolução da outra.
Sabemos que o bom uso de qualquer das inteligências pode ser benéfico para nós mesmos e para as outras pessoas. Assim, é bom ser inteligente. Há, no entanto, alguns tipos que nos aproximam mais de solução de problemas e outros mais do uso de nossas potencialidades.
De um lado, temos, por exemplo, a inteligência intelectual, onde a lógica e a racionalidade permitem um raciocínio linear, processual, matemático. A inteligência emocional nos ajudaria a estar bem conosco mesmos e a lidar da melhor forma com as diversas situações que a vida nos traz. Isso nos ajudaria a compreender melhor os outros e a nos relacionar melhor com eles. A inteligência positiva nos permitiria fazer uso de nossas potencialidades pelo sistema pré-frontal, mais ligado ao desenvolvimento, ao invés do sistema límbico, cujo foco é a sobrevivência.
E o que poderíamos chamar de inteligência espiritual? Não pretendo me ater ao que defendem Danah Zohar e Ian Marshal em seu livro QS – Inteligência Espiritual. Embora seja um belo trabalho e que existam pontos em comum, eu me basearei no que temos praticado e observado no MCI, no uso do que chamamos Método MCI de Felicidade. Abordei o assunto espiritualidade no livro O Espírito do Dinheiro, cuja primeira edição ocorreu em 2003, atualmente na sua sétima edição. Lógico que você não precisa concordar comigo, mas eu o convido para pensarmos juntos.
Há limites para uma mente emocionalmente equilibrada ou mesmo para uma mente positiva. Ambas têm o poder de se retroalimentar, formando aquilo que podemos chamar de recursividade, quando a consequência se transforma em causa e vice-versa. Ainda assim, existe uma energia original, os recursos que dispomos no início do processo. Esta origem está no invisível, onde tudo começa a existir. Sua natureza é imaterial.
Cientificamente falando, uma das principais limitações do paradigma cartesiano ou mecanicista é a dificuldade de tratar questões imateriais, embora a ciência tenha conseguido avançar em áreas como a genética, a energia, o mundo infinitesimal e a neurociência. Um segundo paradigma, conhecido como complexidade ou não linearidade, favorece que questões como a espiritualidade sejam pesquisadas, de acordo com a sua natureza imaterial.
O significado inicial de espiritualidade é o de vida, spiritus, anima, psyche, atman, o sopro da vida. Enquanto estamos vivos, somos seres compostos pelas dimensões física, emocional e espiritual. Perceber como se dá a relação entre estas três realidades é importante. O ordenamento espírito-mente-corpo e, não o contrário, faz toda a diferença. A recursividade do processo não elimina a relação original causa e efeito. E é neste ordenamento que se define uma lógica de pensamento e de valores materialistas ou espiritualistas.
Assim, como ensina Mokiti Okada, a felicidade se inicia na dimensão espiritual, favorecendo que se manifeste em nossos sentimentos e emoções e se materialize nas condições físicas e materiais. A partir daí, poderá se retroalimentar, ou não, dependendo do que fizermos com ela.
Da mesma maneira, podemos concluir que a inteligência espiritual (QS) vem antes das demais inteligências, facilitando cada uma delas. Mas o que seria na prática desenvolver o QS e utilizá-lo para potencializar as demais inteligências? Seguimos a conversa na próxima semana?
Julio Sampaio (PCC, ICF)
Mentor do MCI – Mentoring Coaching Institute
Diretor da Resultado Consultoria Empresarial