Ao completar 40 anos, Nicole sente um forte impulso de mudança. Atua como advogada há 12 anos no mesmo escritório. Chegou no direito sem muita convicção, meio que levada pelas circunstâncias. Ainda mais por acaso caiu na área trabalhista e, especificamente, nesta empresa, onde acabou ficando. Não gosta do que faz. Não se sente bem tratada pelos sócios, e a carga de trabalho é além do que poderia ser considerada normal. Durante um tempo, aceitou que a vida era assim mesmo e que trabalho era para ganhar o salário e pagar as contas. Não sente mais assim. Quer mais do trabalho.
Sua referência vem do próprio marido Carlos. Ele é apaixonado pelo que faz. Acorda bem-disposto pela manhã e, mesmo trabalhando muitas horas por dia, nunca parece estar cansado. Carlos é vendedor de produtos de tecnologia. Está sempre estudando e sente que é útil no que faz. Costuma cumprir as suas metas de vendas e é reconhecido por isso. O que realiza Carlos é ajudar pessoas por meio dos produtos que vende. Nicole aprendeu com Carlos que o trabalho pode ser meio de construir felicidade para si mesmo e para o seu entorno.
Decidida a mudar, uma nova energia parece surgir para Nicole. Ao mesmo tempo, sente-se perdida. Mudar para o quê? Caminhar em que direção? Pela primeira vez, Nicole é levada a refletir sobre a sua própria vida. Nunca teve tempo para isso. Desde cedo, estudava e trabalhava e ia em frente, sem saber exatamente para onde. Vieram a formatura, o casamento e a filha Juliana. A correria só aumentou ano a ano, e o trabalho consumia boa parte do seu tempo e energia.
Alguma coisa dentro de Nicole parecia agora querer gritar. Estava na hora de acertar o rumo, de decidir para onde ir. Assim como no livro Alice do País das Maravilhas, Nicole precisava saber para onde, para descobrir o caminho, como explicou o gato a Alice.
A força interior de Nicole lhe dizia que caberia a ela fazer o seu próprio destino. Pegar o volante de sua vida e fazer o que veio fazer aqui. O que o Criador planejou para Nicole? Qual a sua missão? Pensar assim está de acordo com as suas crenças. Acredita numa força maior e também no livre arbítrio. Percebe que são questões complementares e não contrárias. Mas como descobrir a sua missão? Sabe que a resposta está dentro dela, na sua história e nos seus talentos.
- Talentos? Acho que não tenho nenhum especial.
- Como assim, não tem talentos? Que tal pensar um pouco mais? No que você tinha jeito desde criança? No que você já foi reconhecida? O que você já fez que fez diferença para outras pessoas? O que lhe dá realização em fazer? Você não acha que o seus talentos não são apenas para você, mas para utilizar para os outros?
Vários minutos se passam, mas o tempo parece parar para Nicole. Ela reflete e enumera dons, talentos e situações que viveu nos seus 40 anos. Seus olhos reviram, parecendo enxergar coisas que só ela vê. Seu rosto se ilumina. Um ou mais insights estão acontecendo. Eles significam que novas conexões neurais estão sendo formadas, como se um nova realidade estivesse se revelando. É o momento Eureka, que levou Arquimedes a sair gritando sem roupa do banho para a rua, ao resolver um problema científico. O processo consome forças e, ao final, libera uma grande quantidade de energia, impulsionando a pessoa para a ação. Há algo mágico, uma inspiração que vem de algum lugar, de dentro e de cima.
Nicole agora parece saber o que veio fazer (missão) e quer muito fazer (propósito). Sente-se forte e animada para deixar a sua marca no mundo (legado). Sabe que precisará criar pontes entre onde está, para onde quer estar. Nada de jogar tudo por alto e ter de recuar depois. Nicole está na direção do seu destino, com consciência, responsabilidade e muita vontade. Quer construir felicidade para ela e para todo mundo. Eureka!
Julio Sampaio (PCC, ICF)
Mentor do MCI – Mentoring Coaching Institute
Diretor da Resultado Consultoria Empresarial
