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Felicidade que faz bem aos negócios

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Fui procurado por uma empresa que pensa em contratar um palestrante para tratar do tema felicidade. Internamente, eles estavam divididos. Alguns achavam importante tratar o assunto e o apontavam como um tema factual, relacionado à questão ESG ou ASG (empresas comprometidas com as questões ambientais, sociais e de governança). Especialistas dizem que a felicidade estaria embaixo do S. Já escrevi, em outra ocasião que, para mim, falta uma letra na sigla. Estaria completa como ESG-F, destacando a Felicidade como uma dimensão própria. Mas este é um outro assunto. Voltemos à tal empresa.

Fora os que defendiam a abordagem do tema felicidade, havia os que consideravam perda de tempo, algo que não seria prático e que simplesmente era irreal. Alguém mencionou o meu nome, como alguém que tem feito uma abordagem sobre felicidade que não é irreal. Sim, e não sou o único. Se descartarmos os estereótipos e rótulos superficiais, há muitos estudos da neurociência e da psicologia que vêm contribuindo de forma significativa para a evolução de pessoas e de empresas, de maneira bem real. São questões práticas e de resultados mensuráveis. A felicidade é algo subjetivo, mas os seus resultados são concretos.

É isto, por exemplo, que é apresentado em detalhes no livro O Jeito Harvard de Ser Feliz, de Shaw Achor, apenas para citar uma publicação dentre várias disponíveis sobre o assunto. O autor é professor de Harvard, pesquisador e presta consultoria para algumas das 500 empresas ranqueadas pela Fortune.  No livro são descritos pesquisas e trabalhos de meta-análise (quando se juntam várias pesquisas), envolvendo dezenas de milhares de pessoas, comprovando cientificamente, aquilo que boa parte de nós intui, o de que a felicidade produz resultados pessoais e para os negócios. Vou repetir algo que soa bem a qualquer empresa: felicidade faz bem aos negócios. 

Mas do que estamos falando? Felicidade não é algo subjetivo? Já não parece uma palavra tão desgastada? Não seria melhor usarmos um outro termo? A expressão “emoções positivas” é uma possibilidade. “Estado de bem-estar” é uma outra, e existirão ainda algumas alternativas. Talvez sejam a mesma coisa. Talvez sejam coisas diferentes. É difícil definir felicidade e cada pessoa pode estar pensando algo diferente. A palavra felicidade pode mesmo cair no lugar comum e virar qualquer coisa, dificultando a sua compreensão. Acaba não sendo levada a sério, mesmo sendo o objetivo final de todo ser humano. 

Não importa quem você é. Não importa se você é preto, branco ou amarelo. Ou se é pobre ou rico. Ou mesmo se é uma pessoa íntegra ou corrupta. Independentemente de qualquer coisa, você quer ser feliz. Não apenas um momento, um dia, uma fase. Você e eu queremos ser felizes sempre e, se possível, para sempre. 

A realidade das empresas não é diferente. Não importa o segmento que atuem, o seu tamanho ou tempo de existência, empresas precisam ter resultados consistentes. Para sempre, pois não há garantia de vida para nenhuma delas. Os desafios internos e externos estão sempre mudando e para lidar com eles é preciso fazer uso do maior potencial das pessoas que a compõem. A felicidade é o melhor terreno para que isto aconteça.

Mas, de novo, de que felicidade estamos falando? A felicidade em suas diversas dimensões, como tenho abordado em outros artigos. Ela não se limita à alegria ou ao prazer. Podemos chamá-la de emoções positivas ou estado de bem-estar ou qualquer outro termo, mas é a velha felicidade de Sócrates, Aristóteles, Platão e Mokiti Okada, o objetivo maior do ser humano. É a felicidade que vem antes do sucesso, segundo os estudos de Achor. É a felicidade real, mesmo que subjetiva. É a felicidade que faz bem às pessoas e  que faz bem aos negócios.

Julio Sampaio (PCC, ICF) 

Mentor do MCI – Mentoring Coaching Institute

Diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching