O trabalho sempre teve uma importância muito grande na minha vida. Com 12 ou 13 anos dizia para os meus pais que queria trabalhar, arranjar um emprego, ter o meu próprio dinheiro.
Aos 18, iniciei o meu primeiro negócio, sem experiência, sem planejamento e com “dinheiros” emprestados de curto prazo. Pegava com alguém para pagar a outro alguém, sem poder atrasar um único dia, como sempre enfatizou meu avô. Trabalhava muito, mas os resultados serviam apenas para pagar as despesas. Fui empurrado para o mercado de trabalho, mesmo assim, com entusiasmo. Nunca me passou pela cabeça ter fracassado. Não havia tempo para chorar o leite derramado.
Na minha trajetória, como vendedor inicialmente e como executivo em diversos cargos, passei por 7 empresas de grande porte, três delas multinacionais. Fui bem-sucedido em todas elas.
Também empreendi em vários pequenos negócios. Alguns até que foram bem, outros nem tanto, um deles me gerou uma perda financeira significativa e um grande aprendizado. O tipo de curso que a vida traz, mesmo que a gente não queira se matricular nele.
Minha empresa de consultoria, no entanto, foi e é o meu maior aprendizado profissional. Ela existe há 25 anos e atendeu dezenas, talvez mais de uma centena de empresas. Dela saiu um instituto, uma associação sem fins lucrativos, que ajuda pessoas e empresas a construírem felicidade, inclusive por meio de projetos sociais.
Fiz esta longa introdução para dizer, sem falsa modéstia, que o mundo das empresas não é estranho para mim e que não sou alguém que nutre uma visão romântica sobre elas.
Como consultor, como empreendedor e como executivo, aprendi que empresas podem ser lugares cruéis, de sofrimento e desumanização. Instituições que achatam pessoas, que se arrastam até ela e que vendem a sua vida por 8, 10 ou mais horas por dia durante muito tempo, na expectativa dos finais de semana, das férias ou da aposentadoria. Esta é uma visão realista.
Aprendi, no entanto, que empresas podem ser isto, mas que não precisam ser. Ao contrário, elas podem ser organizações que promovem o crescimento e a utilização do maior potencial das pessoas que as constituem. Aprendi que empresas podem promover felicidade para sócios, colaboradores, cientes e outros agentes ao seu redor. Estas empresas são as mais valiosas e lucrativas no longo prazo. Esta também é uma visão realista, pelo menos para mim. E para você? Uma empresa feliz é uma utopia?
Sem esgotar o assunto, seguem algumas considerações sobre uma empresa feliz.
Uma empresa feliz tem consciência de sua missão, um propósito inspirador e valores elevados exercidos e não apenas declarados.
Uma empresa feliz é lucrativa e tem saúde financeira. Sem isto ela não será e nem fará ninguém feliz. Crises financeiras costumam aflorar a pior face das empresas, assim como das pessoas.
Uma empresa feliz tem indicadores claros, para o todo e para as suas partes. São estes indicadores que apontarão o que vai bem e que proporcionarão reconhecimentos e comemorações legítimas.
Uma empresa feliz nutre relações saudáveis entre líderes e liderados e todos entre si, prevalecendo o tratamento respeitoso e cooperativo entre adultos.
Um empresa feliz tem crenças positivas e isto faz parte de sua cultura. Ganham espaço sentimentos e práticas ditas espiritualistas (não confundir com religiosas) como: a ética, o altruísmo, a gratidão, o fazer além, a competição saudável, a confiança e a própria felicidade.
O que você pensa sobre duas questões? Afinal, uma empresa feliz é uma utopia? A quem cabe criar uma empresa feliz?
Julio Sampaio (PCC, ICF)
Mentor do MCI – Mentoring Coaching Institute
Diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching