Não saberia dizer exatamente quando começou. Talvez tenha sido em uma reunião em que saí incomodado e com uma sensação ruim. Eu me senti, de certa forma, agredido, embora não diretamente. Respondi, de maneira também indireta, mas não da forma que eu gostaria. Talvez a fala da pessoa não fosse para mim e, aí, uma posição mais contundente não faria sentido. Me questionei se estaria certo, mas não poderia ter certeza. Nutri, porém, um sentimento ruim com a situação, alimentado ainda por outros argumentos que me vinham à mente. Sim, talvez tenha sido este o momento em que algum tipo de gatilho foi disparado.
Comecei a ficar um tanto irritado e mais sensível a certos incômodos. Não fui bem atendido na padaria, por exemplo. A fila estava longa, o tratamento não foi cortês e, excessivamente lento, me fazendo desperdiçar um precioso tempo.
No trânsito, cada fila que eu pegava era a que andava mais devagar. Tinha sempre alguém sem pressa, andando como se estivesse passeando, em pleno dia de semana. Alguns mais espertos furavam a fila, passando à frente do carro lento, deixando quem estava na sequência, ainda mais atrás. Inaceitável uma coisa dessas, pensava.
O noticiário, particularmente, parecia ainda mais duro. Mais um caso de feminicídio, um outro acidente gerado por ingestão de bebida alcoólica, um novo escândalo de corrupção, casos de violência policial e as catastróficas previsões dos efeitos da guerra das tarifas internacionais. Os fatos não eram novos, mas naquele momento, pareciam tornar o mundo ainda mais perigoso.
Meu smartphone simplesmente, do nada, apagou. Tinha um pouco mais de um ano de uso e não era possível que tivesse acontecido isso. Como ficar sem o celular? Alguns contatos importantes seriam feitos naquele dia. Os bancos, particular e da empresa, cartões, tudo estava lá dento. Por onde começar? O contato com a assistência técnica revelou que a garantia havia se expirado há 35 dias. Mesmo pagando pelo conserto, seria preciso enviar pelo correio o aparelho, aguardar a avaliação e os procedimentos poderiam durar até 10 dias. Numa assistência local, talvez um pouco menos. Seria preciso comprar um novo aparelho, mesmo que mais simples, para uso imediato.
O novo aparelho, mais simples nos recursos, para mim era mais complexo no uso, não conversando com o anterior, por ser de outra marca e adotar um outro sistema, com diferentes processos, botões e símbolos, que precisariam ser aprendidos. Fui ficando mais agitado e cada pequena dificuldade com o aparelho parecia um enorme problema.
Neste estado de ânimo, discuti com a minha mulher, que não estava me ajudando suficientemente a lidar com a situação. Ela que tinha mais jeito do que eu para entender a lógica do novo aparelho, também estava perdendo a paciência com a minha impaciência.
Notícias da família e de amigos não eram animadoras e até o ritmo do trabalho não parecia o mesmo. As coisas andavam de maneira truncada, exigindo mais esforço e mais tempo. A equipe, custando a responder. Os resultados, aparentemente bons, não geravam a mesma sensação de gratificação. As coisas a fazer pareciam mais volumosas e difíceis de serem conciliadas.
Foi quando percebi o que estava acontecendo. Pode ter sido na tal reunião acima, ou não, mas, em algum momento, eu caí em uma armadilha e permiti baixar a frequência de minha mente e de meus atos. Nada de relevante havia mudado na minha vida, mas o nível de felicidade sim.
Não sei se você entende o que quero dizer, mas vivemos todos em uma determinada frequência, que influencia os acontecimentos externos e, mesmo independentemente deles, determina o nosso nível de felicidade normal. A neurociência, a psicologia positiva e pensadores como Platão, Carl Jung e Mokti Okada, dentre outros, nos ensinam isso.
Foram dois dias de baixa frequência que me valeram um reforço de aprendizado. Ter percebido o que estava acontecendo me possibilitou adotar um novo posicionamento e retornar a minha frequência normal. Vale para todos nós. Nossos pensamentos e ações conscientes, ou não, podem nos aproximar ou afastar da felicidade.
E você, como anda a sua frequência nestes dias? O que você pode fazer para elevá-la ainda mais?
Julio Sampaio (PCC, ICF)
Mentor do MCI – Mentoring Coaching Institute
Diretor da Resultado Consultoria Empresarial
juliosampaio@consultoriaresultado.com.br