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Depois da Gratidão, a Resiliência

Autor: Julio Sampaio

Falamos sobre ser feliz no trabalho. Isto não depende do acaso, ou de um estado momentâneo, fruto de um acontecimento que nos faz feliz. Ter atingido uma meta importante. Uma promoção. Um bom negócio realizado. Um reconhecimento. Tudo isto nos faz feliz. Mas por quanto tempo?

Como os estudos demonstram, nosso cérebro se acostuma e logo voltamos ao nosso estado normal de felicidade. Ser feliz é conquistar um estado que vai além de episódios pontuais. A palavra correta é mesmo conquistar, pois ela não vem de graça. É preciso adotar ações conscientes, cultivá-las e defendê-las.

O sentido de Missão e de Propósito, a compreensão do para o quê e para quem trabalhamos nos ajuda. A Gratidão é mais do que necessária, é imprescindível, quase que é a essência da felicidade. Mas ainda é necessário mais, como veremos neste e nos próximos artigos.

Depois da Gratidão, a Resiliência. Resiliência na própria Gratidão, pois não é fácil sermos sempre gratos. E a Resiliência vai além. Ela nos faz crescer, nos dá força. A resiliência se alimenta das dificuldades, dos obstáculos, das perdas e do que outros chamariam de fracassos. Estes funcionam como os nós do bambu, na metáfora de Mokiti Okada. São os nós que dão força aos bambus. São as dificuldades que nos fortalecem.

Há uma grande diferença entre a Resignação e a Resiliência. Na primeira, dizemos para o nosso cérebro algo do tipo: “aceita que dói menos” ou “não há o que fazer”, ou ainda “foi Deus quem quis assim”. Nosso cérebro entende a mensagem e aproveita para relaxar, economizar energias. Age como as pessoas que economizam água em momentos de escassez. Principalmente o cérebro, que é o órgão que mais consome energia do corpo humano, não poderia ter outra atitude, senão a de, responsavelmente, se poupar. “É hora de esperar a água baixar e ver o que acontece”, e assim, produz substâncias químicas para isso.

Na Resiliência, comunicamos outra coisa para este mesmo cérebro. Podem ser simples perguntas. “E agora, o que fazer, quais caminhos seguir?” ou “Como lidar com esta situação da melhor forma e reverter esta situação?”. Ao invés de descanso, damos trabalho ao cérebro. Que alternativas existem? Que recursos dispomos? Quais os prós e contra de cada uma delas? Que caminho seguir? O que fazer, quando, como, com a ajuda de quem? São perguntas simples, mas que geram muito trabalho. Ele precisa produzir outras substâncias, precisa agir com força, levantar-se, fazer da derrota o alimento para o sucesso.

Há momentos que cabe a Resignação, mas mesmo nestes momentos, precisaremos recorrer imediatamente depois à Resiliência. Me ocorre, por exemplo, que é o caso da perda de um ente querido. Será preciso vivenciar o luto. Mas e depois? Como seguiremos em frente? A Resignação necessária gera a Resiliência do outro e precisaremos seguir a vida. Dependendo da pessoa que se foi, e o que ela representava para nós, uma nova vida. Será que podemos fazer este mesmo paralelo em situações da perda de emprego ou da insolvência de um negócio?

Não precisamos ficar nas situações tão extremas. O dia a dia no trabalho, em qualquer trabalho, em qualquer empresa, traz sempre algum tipo de contrariedade e frustrações. Não controlamos os seus resultados e todas as outras variáveis.

Para começar, não existe um trabalho puramente individual, pois sempre envolverá, no mínimo, uma outra pessoa, chefe, colega ou cliente, na maior parte das vezes, muitas pessoas. E pessoas são diferentes, têm valores, necessidades e desejos diferentes. Não é fácil agradar a eles e a nós mesmos.

Decididamente, para ser feliz é preciso muita Resiliência. Seguimos com o tema na próxima semana.

 

Julio Sampaio de Andrade

Mentor e Fundador do MCI – Mentoring Coaching Institute

Diretor da Resultado Consultoria

Autor do Livro: O Espírito do Dinheiro (Editora Ponto Vital), dentre outros

Texto publicado no Portal Amazônia