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Como descobrir a Missão?

Autor: Julio Sampaio

Terminei o último artigo convidando os leitores a refletir sobre como podemos descobrir, intuir ou perceber a nossa missão. Antes, defendi a ideia de que existem diferentes níveis de missão. Há a missão de cada tarefa, que é o seu objetivo, a missão de cada papel que exercemos, como por exemplo, na família ou na profissão e há a missão maior, a missão de vida.  

Sendo a missão algo atribuído de alguém para alguém, em alguns casos não é difícil descobrir, basta perguntar a quem atribuiu esta missão. Numa empresa, por exemplo, alguém criou um determinado cargo. Com que objetivo? Qual a finalidade deste cargo, sua razão de existir? Esta é a sua missão. Em trabalhos de consultoria, costumo fazer esta pergunta para líderes e colaboradores, e os resultados são sempre interessantes. Quando levadas a refletir, as pessoas demonstram consciência de sua missão e o que deveria ser seu foco. No dia a dia, ligado o piloto automático, os hábitos podem levá-las em uma outra direção. 

Conheci um gerente financeiro que era ótimo no uso de ferramentas de gestão, gráficos e materiais visuais. Era acionado por toda a empresa e atendia com grande satisfação. Ele tinha muito prazer em fazer isto. O problema é que atender a todos tomava a maior parte do seu tempo, impedindo que ele cumprisse o que a diretoria mais esperava dele: a consolidação mensal dos resultados financeiros da empresa. Esta foi a razão da criação do seu cargo. Mesmo sendo dito e escrito, ele não conseguia focar na sua missão e precisou ser substituído. Não é uma situação incomum. Quantos profissionais oferecem o que seria além, mas ficam a desejar no que é a sua missão? 

A missão de um cargo ou de uma atividade não é difícil de descobrir, sendo preciso querer ouvir o que o outro deseja. Mas, e quando falamos de vida? Existiria uma missão de vida? Se sim, como descobri-la? Onde buscar? 

 Somos existências criadas, independentemente de nossas crenças filosóficas ou religiosas, não é verdade?  A maior parte de nós acredita em uma força absoluta superior e percebe que a vida precisa ter um sentido. Mokiti Okada afirma que a missão do ser humano, como espécie, é estabelecer o mundo ideal, de felicidade plena. Para Viktor Frankl, autor do clássico Em Busca de Sentido, a ausência de sentido é o grande mal do século, sendo a origem da depressão e outras doenças. O sentido abrangeria a finalidade de nossa existência, mas como descobrir esta finalidade, a nossa missão individual? 

Como nas questões mais complexas, a resposta está dentro de nós. Mais do que isso, ela está bem perto, na beira do subconsciente, pronta para cair no consciente. Se não a conhecemos é porque não a buscamos. Estamos sempre ocupados demais, fazendo isto ou aquilo e o que deveria ser o nosso foco, fica de lado. Um pouco como a situação do executivo que relatei acima. De tempos em tempos, a vida nos dá uma “chamada” e somos levados a refletir. Mas não precisamos esperar as crises para isto. 

Quais são os nossos dons naturais? O que tivemos a oportunidade de transformar em talentos? Quais eram os nossos sonhos na infância? Que oportunidades se abriram naturalmente? O que fizemos que fez diferença para outras pessoas? No que fomos reconhecidos? Qual é a nossa história? 

Perguntas como estas nos ajudam a perceber a nossa missão. Após uma breve reflexão, se ousarmos escrever um enunciado, nos reconheceremos nele. Uma palavra ou outra poderá ser trocada depois, mas o significado não estará longe. Trabalhando há muitos anos com o tema, isso é uma das coisas que observo. A outra é que, para cem por cento das pessoas que passaram por este processo, sua missão de vida está relacionada a usar os seus talentos em favor de outras pessoas. Isto não é fantástico?  

E você, topa descobrir a sua missão? 

 

 

 

Julio Sampaio (PCC, ICF)  

Mentor do MCI – Mentoring Coaching Institute 

Diretor da Resultado Consultoria Empresarial