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Com que frequência dizemos "eu te amo"? Com que sabor?

Autor: Julio Sampaio

Laura escuta a conversa da prima Rafaela com o pai ao telefone: “te amo, pai”. Ela repete uma segunda vez ao se despedir e, agora, Rúbia consegue ouvir a resposta do pai “te amo, filha”. Rúbia sorri e não se contém: “Rafa, por que você fala sempre para o seu pai que ama ele?”. “Ora, porque eu amo ele e ele também me ama. O que tem isto demais?”, responde Rafaela, devolvendo a pergunta. “Nada, só acho estranho. Também amo o meu pai, mas não fico dizendo isto para ele. Não preciso, ele sabe”. Laura sorriu ironizando.

- Eu te amo, pai. Desta vez era a própria Laura ao telefone.

- Por que você está dizendo isso?

- Porque é verdade.

- Sim, filha, mas por que você está dizendo isso agora?

- Porque tive vontade. E você não vai me falar nada?

- O quê?

- Pai, eu disse que te amo.

- Sim, eu ouvi. Eu...eu...eu também...te amo.

Laura ligou para as irmãs e para o irmão. Fez a mesma declaração e a reação foi muito parecida com a do pai. Por que Laura estava dizendo que os amava? Estava acontecendo alguma coisa? Algum problema? Uma doença? Por que isso agora?

Voltamos ao poder do hábito. Mesmo sendo a mesma família, já que Laura e Rafaela são primas, os diferentes núcleos familiares desenvolveram hábitos próprios de manifestar o mesmo sentimento.

Em outros artigos, vimos como o cérebro delega o que é possível aos gânglios linfáticos, nosso sistema neural automático. Quando faz isso, também o coração pode ser bloqueado. Expressões ditas e expressões não ditas podem se situar no automático, não refletindo sentimentos sentidos (estranha expressão, mas talvez você entenda o que quero dizer), sentimentos sentidos naquele momento.

O amor é constituído por detalhes que o alimentam ou o corroem. Vale para os diferentes tipos de amor. A expressão do amor em palavras pode ser um detalhe importante, se vivido genuinamente. Ela terá um sabor próprio. Se for banalizada, fica insossa. Se não for utilizada, não pode ser degustada.

Nos diversos sabores da felicidade, um deles é a qualidade de nossas relações pessoais. Fortalecemos elos espirituais com quem nutrimos sentimentos. Talvez o mais poderoso deles seja o amor. É algo muito importante para delegarmos do coração para o cérebro e deste para o automático.

Na construção consciente da felicidade, uma prática importante é vivenciarmos o momento. Nem o passado e nem o futuro, mas o presente. Não o sentimento que supostamente deveríamos ter, mas os sentimentos que sentimos. Não guardando, mas nos permitindo expressar bons sentimentos.

Talvez seja importante dizer “eu te amo” mais vezes, talvez para mais pessoas. Não como hábito, mas saboreando.

Com que frequência estamos dizendo “eu te amo”? Com que sabor estamos dizendo “eu te amo”?

 

Julio Sampaio (PCC, ICF)

Mentor do MCI – Mentoring Coaching Institute

Diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching