Gaia é uma palavra que tem origem grega e significa “mãe terra”. Na mitologia grega é a segunda divindade, tendo surgido apenas após o Caos. Gaia cria as montanhas, os rios e tudo o que existe na terra. Gaia é a própria terra viva.
Mokiti Okada fala em A Grande Natureza, a natureza vive, que tem espírito. Fala também na força do solo, sendo este o princípio da Agricultura Natural, preconizada por ele. Neste tipo de cultivo, não se utiliza adubos e, sim, folhagens e materiais do próprio solo, ricos em microrganismos. O solo é tratado como um ser vivo, que tem sentimentos e que reage.
A ideia de que o planeta vive não é nova e está presente em culturas
milenares. Em algumas delas, elementos como o sol, a lua, a chuva, o fogo ou o mar são deuses ou representações deles. Deuses que podem manifestar amor ou fúria, merecendo por isto, todo o respeito e temor. Isto para culturas menos civilizadas.
Para culturas mais evoluídas como a nossa, a terra, o solo e os demais elementos são apenas o que são, o que podemos ver ou tocar, não muito diferentes de objetos descartáveis. Seremos mesmo mais evoluídos?
Nas primeira vezes que tive contato com as ameaças ambientais, tudo parecia coisa de ficção científica ou alarmismo de “ecochatos”. Aos poucos, as coisas começaram a parecer mais reais, mas que seriam controláveis, no momento necessário. O que vemos, cada vez mais perto, nos noticiários, nas imagens, nas estatísticas, nas inundações, nos incêndios devastadores em todos os estados do país, na poluição tóxica do ar, na perda da biodiversidade, na elevação do nível do mar, nos recordes de temperatura em todo o mundo, não deixam dúvidas. Gaia vive e reage. Alerta vermelho para a humanidade.
Talvez não seja apenas a agressão do homem ao meio ambiente, mas também do homem contra o homem e contra outros seres. A própria natureza nos ensina que onde se acumulam impurezas, surgem ações de eliminação, processos purificadores. É o que ocorre com as nuvens carregadas ou quando ingerimos alimentos em excesso ou estragados. Até mesmo uma minúscula célula elimina o que não será aproveitado pelo seu metabolismo. Trata-se de um princípio universal, que se aplica em outros setores menos evidentes, como na relação entre as pessoas, no uso do dinheiro ou na aplicação do tempo.
Nossos pensamentos, palavras e ações podem gerar impurezas e, neste caso, não faltam exemplos. Parece que ainda estamos longe de construir uma cultura verdadeiramente civilizada, capaz de enxergar além do que podemos ver e tocar. Para citar apenas um fator, no momento, em pleno ano de 2024, o mundo convive com mais de cinquenta conflitos armados. E as guerras não existem apenas entre os países. Elas estão em todos os locais: na política, nas ruas, nas empresas e até nas famílias. Será que tudo isto não cria impurezas? Nossas reclamações contra o tempo e contra a vida não geram impurezas? O egoísmo, o excessivo materialismo e o desrespeito à vida não geram impurezas? Será que isto não interfere em Gaia, a mãe natureza?
De nada adianta, porém, engrossarmos a fileira dos pessimistas, principalmente, porque se já estivesse tudo perdido, não haveria o que fazer. Ao contrário, há o que fazer e depende de cada um agir para transformar a realidade. Emoções e atitudes positivas e responsáveis, podem ser transformadoras. É preciso acreditar que dá tempo e que podemos construir a nossa felicidade, trabalhando para a felicidade de todos e, consequentemente, de Gaia, nossa mãe-terra.
E para isto, reforço o convite: vamos construir felicidade? Para você, para mim, para todos? Gaia e o mundo precisam.
Julio Sampaio (PCC, ICF)
Mentor do MCI – Mentoring Coaching Institute
Diretor da Resultado Consultoria Empresarial