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O que você quer: banana ou abacate?

Autor: Julio Sampaio

Nesta sequência de artigos, estamos falando de felicidade no mundo corporativo que, em seus conceitos gerais, não difere muito de outros tipos de felicidade, onde exercemos nossos papéis. Para quem está chegando agora, passamos pelo sentido de missão no trabalho, o desenvolvimento de um propósito, a gratidão, a resiliência e o desapego. Cada um destes temas, nos ajuda a ser mais felizes em nosso trabalho e na vida em geral.

Quero destacar aqui um princípio que é tão simples e tão evidente que, às vezes, passa despercebido. Não é possível colher aquilo que não plantamos. Quem nos ensina isto é a própria natureza. De um pé de feijão não há como dar banana ou abacate.

Desta maneira, o que queremos colher define que tipo de sementes utilizar, em que terreno, clima, os cuidados, assim como o tempo que levará para colhermos. Alguns levarão semanas, outros meses e até anos. Li que, em um clima tropical, você pode colher bananas em torno de 11 meses. Mas, se você quiser plantar uma semente de abacate no seu jardim, você pode ter de esperar de 5 a 13 anos para saboreá-lo. Certamente este abacate terá um sabor especial para você.

 Mais difícil do que entender este princípio tão simples é responder com consciência a pergunta: o que queremos colher? Não o que a sociedade, os pais, os amigos, o marido ou a mulher querem que colhamos, mesmo querendo o nosso bem. Mas, o que nós queremos colher? O que tem valor para nós e, num sentido mais amplo, o que nos faria mais feliz? Em um sentido mais específico, qual a semente precisamos plantar?

Respeito, reconhecimento e confiança, por exemplo, são frutos importantes para a maioria de nós. O que representa plantar confiança, reconhecimento e confiança? São sementes que podem durar quanto tempo para gerar frutos? Que riscos estarão expostos, exigindo quais cuidados?

E o sucesso na carreira? O patrimônio que queremos construir? O conhecimento técnico em determinada área? A tranquilidade interior? A inteligência emocional e a inteligência espiritual? Parece que a maioria de nós deseja frutos como estes e ainda outros frutos. Todos eles exigirão uma boa semente para plantio e tempo de amadurecimento. A tentação de comer o abacate antes do tempo não dará bons resultados.

Há, porém, sementes que dão frutos com mais rapidez, quase que de imediato. Elas podem ser plantadas e colhidas no dia a dia. É o caso, por exemplo, da gentileza e da sinceridade autêntica.

A gentileza se traduz em pequenos atos e especialmente na maneira de nos comunicarmos. Há coisas que não custam nem tempo e nem dinheiro, como a atenção, o ouvir, o desejo de ser útil ou uma palavra de incentivo. No oposto, está, por exemplo, algo muito comum, um e-mail ou uma mensagem que não é respondida. Ou os que são escritos de uma maneira descuidada, gerando mal entendidos e até adversidades.

A sinceridade, por sua vez, costuma ser confundida com o seu oposto, a franqueza. Sinceridade não é, como se autodeclarava com orgulho uma pessoa que conheci, dizer o que quer, para quem quer, na forma que quer. Isto é franqueza e, na maioria das vezes, falta de educação. Sinceridade, ao contrário, é buscar a melhor maneira, momento e o que ser dito para cada pessoa, considerando também as suas necessidades e desejos. É autêntica, quando exercida legitimamente e, não artificialmente, para obter alguma vantagem. Esta é facilmente percebida e gera um efeito contrário.

Para concluir, gostaria de incluir no nosso cardápio para a felicidade corporativa o plantio da felicidade. Se é o queremos colher, parece claro, precisaremos plantar.

 

 

Julio Sampaio de Andrade

Mentor e Fundador do MCI – Mentoring Coaching Institute

Diretor da Resultado Consultoria

Autor do Livro: O Espírito do Dinheiro (Editora Ponto Vital), dentre outros

Texto publicado no Portal Amazônia