Blog

Compartilhe

Necessidade de controle e codependência emocional

Autor: Tatiana Bion

Você sente necessidade de controlar as situações do seu dia e as pessoas à sua volta? Sabe de onde vem essa necessidade? O que acha que aconteceria com você se perdesse completamente o controle sobre a vida e sobre os outros? Se você ficou reflexivo com essas perguntas, tem grandes chances de ser um codependente emocional.

 

E o que significa isso, codependência emocional? Antes de falar mais sobre o assunto, gostaria de te alertar para um ponto muito importante. Eu me considero uma codependente emocional e sempre quis controlar tudo que estava ao meu redor, mas nem sempre me dei conta disso. Eu não reconhecia que gostava desse controle, que precisava disso e não fazia ideia do quanto isso afetava a minha vida e os meus relacionamentos. Só fui me dar conta quando comecei a buscar uma mudança interior, quando comecei a buscar o autoconhecimento para ser uma pessoa melhor e ter uma vida mais significativa.

 

Então, antes de prosseguir com a leitura, recomendo que abra a sua mente e o seu coração porque pode ser que você se reconheça nos comportamentos de um codependente emocional mas não esteja preparado para assumir isso e mudar esse comportamento.

 

Antes de falar sobre como surgiu esse termo e o que é a codependência, vamos falar sobre os comportamentos de um codependente.

 

Entendendo a codependência emocional

 

O termo codependência surgiu na década de 70 e foi descoberto por acaso, quando os americanos começaram a desempenhar trabalhos com dependentes químicos anônimos nas igrejas, o conhecido programa de 12 passos. Esses dependentes eram atendidos em grupos e levados por seus familiares. Com o tempo, passaram a perceber que essas pessoas que acompanhavam os dependentes também precisavam de ajuda, porque eram fundamentais para o tratamento.

E os terapeutas começaram a enxergar padrões de pensamento semelhantes entre essas pessoas e um ponto de vista incomum sobre o processo que os dependentes estavam passando, que acabavam favorecendo para que os dependentes continuassem no vício e começaram a entender que essa dinâmica deveria receber um rótulo, de codependente químico. Com o passar do tempo, os terapeutas e pesquisadores foram entendendo que essa dinâmica entre os dependentes químicos e codependentes também se aplicava a dinâmicas emocionais de relacionamento e daí surgiu o termo codependência emocional. 

 

E como é essa dinâmica da codependência emocional?

 

A dinâmica da codependência emocional acontece com a pessoa assumindo 3 posições diferentes dentro de um relacionamento, a posição de vítima, de salvador da Pátria e de vilão.

 

E como ficavam essas posições entre os dependentes químicos e codependentes? O dependente químico era a vítima do Universo: uso drogas porque uma série de fatores me levaram a isso isso e a responsabilidade é sempre dos outros, então não tenho o que fazer a não ser usar drogas.  O codependente era o salvador da Pátria: eu sou responsável por salvar esse dependente químico de si mesmo e das circunstâncias. Os relacionamentos mudaram, mas a dinâmica era mantida. Quando algum codependente se cansava do dependente, o que antes era o salvador da pátria, agora era o vilão, o dependente jogava a culpa no codependente e esse padrão de funcionamento se repetia e as posições se alternavam.

 

Depois de um tempo, percebeu-se que essa dinâmica transcendia os grupos de dependentes químicos, era um vício social. Independente de ter um vício ou de se relacionar com algum dependente, você se identifica com alguma posição dentro dos seus relacionamentos. Ou você é a vítima ou o salvador ou o vilão, então começou a se falar sobre isso nos relacionamentos afetivos de maneira geral. Especialmente, dentro de um relacionamento abusivo, é muito comum se identificar em alguma posição. E essa configuração é observada em geral na sociedade e muito comum, chegando a ser quase inerente a todos os seres humanos.

 

Essas 3 posições envolvem a tentativa de manipular o outro, de fazer com que o outro aja da forma que você espera que ele aja para você obter algum tipo de ganho na relação, por isso a necessidade de controle.

 

Ao longo da vida e dos relacionamentos, você vai oscilando entre essas 3 posições. Sair dessa dinâmica é retomar o seu centro, retomar a posição de maior consciência e presença em relação a nossa própria vida.

 

 

Como se libertar da codependência emocional

 

Primeiramente, é importante ressaltar que a codependência emocional não tem cura, você não vai simplesmente excluir todos os comportamentos codependentes da sua vida para sempre, mas você vai passar a se observar e reconhecer certas atitudes suas e isso vai fazer toda a diferença na sua vida. Estamos aqui nesse plano para evoluir e temos que manter sempre o espírito de vigilância, de aprendizado, de humildade.

Dito isso, existem 3 atitudes que podem te ajudar muito a romper com essa dinâmica da codependência emocional, que devem ser exercitadas com consistência no seu dia a dia.

 

 

Tomar consciência

 

Para começar a se libertar disso, o primeiro passo é ter consciência. Você vai precisar admitir pra si mesma os seus padrões de comportamento e começar a se observar melhor. Pode ser que você assuma os 3 papéis, de vítima, de salvador da pátria e vilão em relacionamentos diferentes ou momentos distintos da vida. Assuma a sua verdade e traga para a consciência tudo que está escondido lá na fundo, tudo que ficou na sombra, sem ser olhado, por um longo tempo.

 

Pode parecer que você tem muito a ganhar com essa dinâmica, mas acredite que esses ganhos são apenas ilusões da sua mente. Por exemplo, se você está na posição de vítima é porque tem uma grande dificuldade de se enxergar como autor da própria vida e, por transferir a responsabilidade para o outro, pode achar que ganha com fato de não ter que se preocupar com nada, afinal a culpa nunca é sua. Só que com isso, você transfere a responsabilidade da sua vida e da sua felicidade para terceiros. 

 

Quando você assume a posição de salvador da pátria, ganha importância, status e valor na vida do outro. Quando você tá ajudando alguém, não olha para as próprias necessidades, não precisa se preocupar com a sua própria dor, olha apenas pro problema do outro, e pode ser que seja confortável não ter que lidar com o próprio sofrimento, mas um dia a conta chega e o enfrentamento será inevitável.

 

Na posição de vilão, você não consegue se controlar e acaba magoando as pessoas que mais ama, por descontar nelas a dor de feridas de infância não curadas. Você nega sua própria dor, deixa a sombra te dominar e joga a própria sujeira na outra pessoa.

Por isso, a primeira coisa que você deve fazer é se reconhecer nessas posições, falar a verdade pra si mesma, ser honesta e ter humildade.

 

Se permitir ser vulnerável

 

A partir do momento em que você assume e reconhece suas posições na dinâmica da codependência emocional, agora precisa reaprender a se comunicar com o outro. Essa comunicação deverá ser muito sincera e autêntica, e ficará numa posição de extrema vulnerabilidade e isso é bom. Diga para a outra pessoa que você agora tem consciência do seu comportamento e que pretende mudar, peça compreensão. Faça a sua parte, sem se preocupar com o que o outro vai falar, vai pensar, sem querer controlar o que o outro deve fazer. Tenha essa coragem de admitir seus erros e fale com amor. Se for necessário, peça desculpas e peça um espaço para que você possa se compreender melhor.

 

Assumir a responsabilidade

 

Agora você vai precisar assumir as consequências dos seus atos. Você se colocou na posição de maior consciência e vulnerabilidade e esses atos terão consequências da parte do outro também. Toda ação tem a sua reação. Você saiu de uma posição de fugir da própria dor para ter que lidar direto com ela, então não fuja agora. Encontre a sua forma de cuidar da sua própria dor, busque ajuda se for preciso. Pode ser que você precise desabafar com um amigo, chorar no colo da mãe, começar a fazer terapia, buscar mais o seu autoconhecimento e trabalhar a sua espiritualidade. Você vai ter que encontrar sua própria forma de lidar com isso e assumir a responsabilidade pela própria vida e esse é o primeiro passo para sua libertação.

 

Se você quiser aprofundar mais nesse assunto, sugiro o livro Codependência nunca mais, de Melody Beattie.

 

Assista ao vídeo e entenda a necessidade de controle por outro ponto de vista:

Necessidade de controle: de onde vem?

 

 

Espero que tenha gostado do conteúdo e que possa ter te ajudado. Comenta o que você achou, sua opinião é muito importante pra mim.

 

Me acompanhe também no instagram: @tatianabioncoach

 

Com amor e gratidão,

Tatiana Bion