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As relações externas do ser vivo empresa

Autor: Julio Sampaio

Existem pessoas agressivas que se impõem pela força. Quando possuem o poder, não se intimidam em fazer uso dele em benefício próprio e em tirar vantagem das situações. Adam Grant, em seu livro Dar e Receber, classifica estas pessoas como tomadoras. Costumam ter o melhor desempenho em curto prazo, especialmente, na comparação com as pessoas que o autor classifica como doadoras. No longo prazo, porém, estas aprendem a se defender e, somadas a uma terceira categoria, as compensadoras (as adeptas do toma lá, dá cá), isolam as tomadoras, que acabam por não atingir os seus objetivos. Ou seja, pessoas tomadoras não criam uma rede de confiança e, quando precisam de apoio (sempre chega esta hora), não podem contar com o que nunca ofereceram genuinamente. Ao final, são justamente as doadoras as que mais ganham, as que ele denomina como alteristas, as que doam, mas que cuidam de seus interesses também.

Existem empresas que agem como tomadoras. Ganham reputação de serem duronas com clientes, fornecedores e concorrentes e buscam impor a sua força nas relações. Encontramos estes seres em diversos setores, me ocorrendo marcas de bebidas, shoppings e supermercados, como destaques na relação com fornecedores, mas, na verdade, eles estão em todos os segmentos e portes. É possível, caro leitor, que você tenha alguns exemplos em mente.

Empresas tomadoras são seres difíceis e mudam conforme a situação. Perante os mais fortes se submetem e diante dos que consideram mais fracos, buscam aproveitar-se. Elas valorizam, em seus quadros, pessoas que se identificam e que cresceram nesta cultura.

Outras companhias tornam-se seres que prezam o ganha-ganha e entendem que, em um processo de negociação, existe um ponto em que todos saem satisfeitos. Acreditam ainda que é possível formar parcerias e estabelecer relações duradouras. Elas exercem estas crenças em suas diversas relações e isto não as torna menos competitivas ou lucrativas, ao contrário. Seus resultados costumam ser mais consistentes. É comum que estas empresas levantem bandeiras de seu segmento e fomentem uma cultura de colaboração. Em suas equipes, despontam profissionais com consciência de missão e identificados com elevados propósitos.

As relações com o meio externo de um ser vivo, seja uma célula, uma pessoa, ou uma empresa é o que o mantém vivo. Fará parte de sua personalidade e definirá como ele será percebido. Podemos dizer que é algo tão estratégico que nunca poderia ser deixado ao acaso, construído pelos acontecimentos fortuitos ou pelos executivos de plantão. No entanto, quantas empresas incluem este fator em suas políticas e diretrizes?

O tratamento adequado a este tema levantaria questões importantes que costumam passar despercebidas. Uma empresa responsável, que cultiva práticas sustentáveis, ambientais e sociais e que possui uma boa governança, é compatível com uma personalidade tomadora, como descrita acima?

Outro ponto de caráter bem prático: quem são os relacionamentos estratégicos de uma determinada empresa? Quais os seus relacionamentos institucionais mais relevantes? Como classificar os clientes atuais e identificar os de maior potencial? Que fornecedores devem ser cultivados? Que concorrentes devem ser acompanhados? Que outros agentes de mercado devem ser cuidados? Quem deve gerir cada um destes relacionamentos? De que forma isto pode ser feito?

Da mesma maneira que os relacionamentos internos (liderança e clima), também os relacionamentos externos precisam ser planejados e construídos. Eles comporão uma parte importante da personalidade deste ser vivo. E você, caro leitor, como está cuidando de seus principais relacionamentos?

 

Julio Sampaio (PCC, ICF)

Idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute

Diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching

Autor do Livro: Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital), dentre outros

Texto publicado no Portal Amazônia