Blog

Compartilhe

A doença de Carminha

Autor: Christiane Dumont

Carminha já tinha virado os 40. Os filhos estavam na idade de trocar a família pelos amigos. Entravam e saíam de casa sem nem lhe dar uma olhadinha sequer, muito menos um beijo ou abraço.

O trabalho de Carminha era chato, repetitivo e sem nenhum desafio. Todos os dias a mesma rotina: casa, trabalho, mercado, casa.

O marido de Carminha, médico, trabalhava 12 horas por dia durante a semana e dormia os sábados e domingos inteiros. Ajudar nas tarefas de casa? Nem pensar!

Nem em casa, nem no trabalho, Carminha achava que ninguém reconhecia seu real valor.

A mãe, viúva, passava os dias de camisola, cabelo desgrenhado, olheiras profundas, sem fazer nada. Ligava para Caminha todas as manhãs para falar de suas dores: joelho, costas, barriga. Filha única, Carminha não tinha mais paciência para tanta dor disso, dor daquilo e, apesar de morarem muito perto, só visitava a mãe uma vez por mês.

Na semana do seu aniversário, Carminha fez o checkup regular que a empresa exigia e, para sua surpresa, apareceu a possibilidade de estar com uma doença grave.

Carminha se assustou, depois se entristeceu, chorou, recuperou as forças e assumiu a possibilidade da doença como uma verdade absoluta.

No jantar daquele dia, contou para o marido e filhos que aquele poderia ser um dos últimos jantares em que todos comeriam juntos. Os filhos choraram e foram logo abraçar a mãe. O marido se sentiu culpado, ajudou a tirar a mesa e lavar a louça. Assistiram à TV juntos, novela, jornal, seriado. Há quanto tempo a família não se sentava para fazer alguma coisa unida!

No dia seguinte, Carminha decide criar um grupo no WhatsApp com os parentes, amigos, colegas do trabalho e pessoas que não via há muito tempo para comunicar, consternada, que estava doente.

Naquela semana, mensagens de solidariedade pipocaram o dia inteiro no seu celular. Carminha se sentiu muito amada e, quanto mais amor recebia, mais ela queria daquele sentimento, apesar do cheiro de pena e piedade que o acompanhavam.

Carminha passava os dias buscando informação sobre a doença na Internet, imaginava seu futuro sombrio numa cama de hospital, visualizava a tristeza da família quando ela não estivesse mais neste mundo. Pelo menos, ela tinha plano de saúde.

Carminha não tinha mais outro assunto. 

O tempo foi passando e as mensagens rareando. Os meninos não paravam mais em casa e iam dormir na casa dos amigos dia sim, dia não. O marido passou a dar plantão aos fins de semana. Carminha foi se sentindo cada vez mais sozinha e desamparada. Ninguém lhe dava mais atenção.

Numa tarde em que estava se sentindo especialmente deprimida, o celular de Carminha apitou. Finalmente uma mensagem nova! Correu para ler. Era de uma amiga de infância com quem não falava há mais de 30 anos. A mensagem era curta e dizia apenas:

“Carminha, sua doença ocupará o lugar que você quiser que ela ocupe em sua vida. Pode virar uma desculpa para todas as suas necessidades de amor e reconhecimento ou apenas mais um desafio para você”.

Carminha levanta assustada, derruba o celular no chão, corre para o banheiro e se olha no espelho: cabelo desgrenhado, olheiras profundas, um furo na gola da camisola.

_ Camisola! Eu ainda estou de camisola!

Tomada por uma empatia avassaladora e uma compreensão total do mundo, Carminha se mete no chuveiro, como que para limpar o mofo da alma, penteia os cabelos molhados, coloca um vestido fresquinho e vai correndo para a casa da mãe.

Quando a porta se abre, Carminha a abraça e as duas permanecem assim por minutos, dando e recebendo o mais puro, genuíno e incondicional amor que há muitos anos haviam esquecido de sentir.

No dia seguinte, Carminha levanta e vai procurar um novo emprego.

 

........................................................................................................................................................................................................................................

É claro que questões como estas não se resolvem

num único insight momentâneo.

 

Mas um processo de coaching, realizado por um profissional capacitado, é capaz de gerar vários insights e uma nova e poderosa consciência.

Coaching é uma metodologia baseada em “insight learning”, que acontece através de uma parceria entre o “pensador ou cliente” e o “facilitador do pensamento ou coach”. O coach, através da sua presença, da sua escuta ativa e do questionamento provocador, sustenta e apoia a conversa que o cliente tem consigo próprio. Por isso, ao final de um processo de coaching, o cliente se sente com o controle da vida e confiante de que pode realizar tudo o que deseja.

Se você deseja PENSAR sobre problemas, objetivos, dúvidas, caminhos a trilhar, um Coach Profissional será sempre um excelente parceiro.

...........................................................................................................................................................................................................................................

Meu próximo post será sobre a história de Antônia e Pedro, uma casal que se reencontra da forma mais inusitada.

Se você quiser receber um e-book ilustrado com as 9 Pequenas Grandes Histórias, acesse https://www.christianedumont.com/meus-livros.

 

Christiane Dumont

Membro do MCI – Mentoring Coaching Institute

Membro da ICF – International Coach Federation

Coach de Vida e Carreira

Autora do livro: Como Morar na China sem Engolir Sapo nem Comer Cachorro 

Site: christianedumont.com

Insta: chris.dumont.rotstein