Marshal Rosenberg (Comunicação não Violenta), Gary Keller (A Única Coisa), Christian Barbosa (A Tríade do Tempo), Greg McKeown (Essencialismo) são apenas alguns dos autores que destacam a importância de dizer Não para se obter o sucesso.
Todos afirmam que somente ao dizer Não para o que não é importante ou essencial é que podemos dizer Sim para o que realmente faz diferença. É a tal regra de Pareto, em que 80% dos resultados vêm de 20% do que fazemos. Saber dizer Não é uma coisa fundamental em um mundo que oferece cada mais possibilidades, ao mesmo tempo em que se torna mais rigoroso com más escolhas sobre o nosso valoroso tempo.
Na realidade, o rigor sempre existiu, mas o tempo se tornou mais escasso, um artigo de luxo ou de estresse, ainda que dentro das mesmas 24 horas que cada um de nós recebe todos os dias. Um presente que nem sempre valorizamos devidamente, tão acostumados que estamos com ele.
Desde cedo, somos educados para ser educados (redundância proposital) e isto implica em seguirmos as regras, sermos gentis e agradarmos aos pais, aos professores, aos mais velhos e a todos quanto possível. Aprendemos que conquistar os colegas na escola torna a vida mais fácil e para atrair aquela menina ou menino, ajuda muito ser uma pessoa que diz mais Sim do que Não.
Dependendo do contexto e da posição hierárquica que ocupamos em um determinado momento e local, é preciso muito cuidado para dizer Não. Afinal, “quem somos nós para dizer Não?” Em uma cultura de comunicação indireta como é a nossa, o Não ganha outros contornos, como um talvez, vamos ver, vou tentar, vou fazer o possível, ou algo menos comprometedor, que não seja nem um Sim nem um Não. Isto quando não se transforma em promessas que já se sabe que não serão cumpridas. Sabe quem faz a promessa e quem a recebe, mas fica tudo certo. É melhor do que ter que lidar com o Não.
“Eu não consigo dizer Não quando alguém me pede alguma coisa”, diz Jacira, uma profissional qualificada, reconhecida por seus colegas de trabalho, como alguém que está sempre disposta a ajudar. Ela continua: “Às vezes, sei que me prejudico, pois chego ao final do dia com muitas pendências e tenho que ficar depois da hora. Também demoro para retornar e-mails e isto desagrada a muita gente, inclusive os clientes. Sei que preciso equilibrar, mas para mim é muito difícil dizer Não. Quando vejo, já disse Sim, mesmo que já esteja sobrecarregada”.
O que Jacira está descobrindo é o que uma vez disse o Presidente dos Estados John Kenedy quando perguntado sobre o segredo do sucesso. Ele respondeu: “O segredo do sucesso eu não sei, mas o do fracasso é tentar agradar a todo mundo e fazer tudo o que aparece”. Aplicado ao nosso tema, podemos concluir que, para ser útil, altruísta, prestativo e eficiente, é preciso estabelecer prioridades.
Adam Grant, em suas pesquisas, descritas no livro Dar e Receber, identificou três tipos de pessoas: tomadoras, compensadoras e doadoras. Estas últimas costumam ocupar o grupo dos piores resultados. Felizmente também estão entre os melhores. A diferença é que existem doadores que aprendem a fazer escolhas e a priorizar para onde destinarão as suas energias, dizendo Sim, mas também dizendo Não. É possível dizer Não, com jeito e algumas vezes até com um sorriso. Mesmo nos negócios, definir uma estratégia envolve dizer mais Não do que Sim.
Conversando recentemente com um grupo sobre o assunto, um dos participantes levantou um outro lado da questão. Como reagimos quando ouvimos um Não? Se não aceitamos, é porque não estamos pedindo, mas exigindo, como nos ensina a Comunicação Não Violenta.
Assim, deixo para a reflexão: Você sabe dizer Não? Você sabe ouvir um Não?
 
                 
                    
Marcia Andrade
Dizer Não acredito não ser tão simples, ao contrário, precisa ser levado em conta um contexto e feito uma análise ampla, principalmente em se tratando de ambiente de trabalho. Abrir mão de algumas coisas, reorganizar rotas e buscar o Sim entendo que faz a diferença, o ceder muitas vezes é mais difícil do que dizer não.