Não escolhemos a família em que nascemos, mas muitos acreditam que também não nascemos em uma família por acaso. No “Exercício da Hereditariedade” e no “Exercício dos Elos Invisíveis” (www.mcifelicidade.com.br), Mokiti Okada nos lembra que “não somos seres surgidos do nada, sem relação com nada. Na verdade, representamos a síntese de centenas ou milhares de antepassados e existimos na extremidade desse elo”. Segundo seus estudos, mantemos uma ligação direta com antepassados e descendentes, assim como consanguíneos, tenhamos ou não convívio com eles. Por elos invisíveis, influenciamos e somos influenciados. Okada diz que nossa felicidade depende, em grande parte, da qualidade destes elos invisíveis.
A equipe de pesquisadores liderados por Sonja Lyubomirsky, em um dos estudos mais importantes realizados sobre a felicidade, demonstrou que o fator que mais influencia a felicidade de uma pessoa é a genética, sendo seguida do que chamaram de intervenções positivas (pensamentos e ações da própria pessoa) e apenas uma pequena parte pelos fatores externos. Em qualquer dos grupos, a família aparece com grande importância na influência de nossa felicidade.
Ainda no campo dos estudos da psicologia, podemos refletir sobre como a família se relaciona com as dimensões de felicidade, apontadas por Martin Seligman e Mihaly Csikszentmihalyi, fundadores da psicologia positiva.
A primeira dimensão é a do prazer e da alegria. Talvez como aconteça com você, algumas das minhas melhores memórias foram em família, em diferentes estágios da vida. Quantos Natais, aniversários, Dia das Mães, Dias dos Pais ou mesmo simples almoços de domingo se transformaram em momentos mágicos, inesquecíveis? Com confusões ou não, típicos de encontros familiares, foram presentes que a vida proporcionou e que se somaram ao meu currículo de felicidade.
Outros eventos foram além, sendo fonte de engajamento e de fluxo, me proporcionando uma sensação plena, onde o tempo passava muito rápido ou muito devagar e que tudo o mais não importava tanto. Os nascimentos e as partidas, a febre de uma filha que não passava, a doença de um familiar que não curava, as mudanças de residência e até de cidade e diversas outras situações, nem sempre prazerosas. Tudo me exigia estar pleno, no volante, mas sem o controle completo dos resultados. O engajamento constitui uma segunda dimensão da felicidade, e a família é um dos seus principais palcos.
A terceira dimensão da felicidade é o Propósito. Muitos jovens enamorados têm o Propósito de constituir uma família, ter filhos, montar uma casa, morar no exterior, ou alguma coisa mais específica. Compartilhar sonhos e transformar em um propósito comum é algo que une um casal, antes mesmo de formar uma família. Com o tempo, será preciso desenvolver novos propósitos, incorporando os novos integrantes da família. Quanto mais voltados para fora e úteis forem os propósitos, mais força terão para constituírem uma fonte de felicidade.
A superação de metas e as conquistas, a quarta dimensão proposta por Selligman, tem na família a grande base, onde nos preparamos e nos recompomos para as batalhas externas, sejam profissionais ou de qualquer tipo. Podemos fazer da família o nosso porto seguro e quando isto não acontece, tudo fica mais difícil. Com a alavanca da família, podemos sonhar, acreditar e realizar coisas que poderiam parecer impossíveis.
Por fim, a quinta dimensão de felicidade fala em relacionamentos saudáveis, talvez, o ponto mais sensível da família, a qualidade de seus relacionamentos. Sendo o lugar em que somos mais autênticos e espontâneos, tendemos a ser distraídos e egoístas, deixando de cuidar de detalhes, que fazem toda a diferença.
Todas estas dimensões nos lembram a importância da família para a felicidade e a nossa responsabilidade sobre isso. Não existem famílias perfeitas e não escolhemos a família em que nascemos. No entanto, podemos fazer dela a melhor possível e escolher conscientemente aquela que queremos constituir, trabalhando para isto.
Para nossa reflexão: como contribuir para fazer da nossa família uma base de felicidade?
 
                 
                    
Deixe um comentário